quarta-feira, 24 de junho de 2009

Revolução???

Durante a caminhada de leitura que comecei antes mesmo de aprender a ler, me deparei com obras muito significativas. A história do meu encontro com alguns escritos literários é um capítulo à parte na narrativa da minha vida.
Alguns livros são importantes pelo que me marcaram, outros pela qualidade ou não da escrita, o interesse pelo autor, ou ainda outros motivos.
"Revolução dos bichos", de George Orwell, com certeza ocupa lugar de destaque no meu ranking. O primeiro exemplar que adquiri custou-me cinco reais. Comprei direto na livraria, era uma edição especial de baixo preço feita pela Editora Globo. Depois desse, já tive mais dois. Agora, só tenho um (recuperado hoje)... A minha atração por esse livro é tanta que eu sempre o recomendo para quem me pergunta. Resultado: eu nunca mais o vejo de volta.
Mas tudo bem! Se aqueles que o leem gostarem pelo menos um pouquinho da narrativa, já fico feliz.
Gerge Orwell conseguiu escrever uma fábula política! Deve ter feito La Fontaine e Esopo se revirarem no túmulo! Uma narrativa que diz tudo sem dizer, diretamente, nada.
Agressiva, sem ser explícita. Marcante, sem ser vulgar. Impressionante.
A obra abalou todas as etruturas. Serviu de base para novas narrativas, filme, músicas, debates, charges...
Mas por que tanto sucesso?
Em primeiro lugar, o autor utilizou o formato da fábula para abordar e criticar a situação vigente da época: a revolução russa e a guerra fria. Quando estudei esses pontos históricos na escola, lembro-me que a ideia de Socialismo me parecia boa. Assim como é o sonho do Major e a sensação de pertencer a um grupo de iguais, em que não há privilegiados e nem explorados.
Esqueceu-se de um dos nossos maiores bens: a liberdade! Escolher o que queremos e poder expressar nossa opinião passou a ser secundário para um regime que gostaria de garantir a igualdade entre todos, mas sendo "uns mais iguais que os outros".
Além da discussão sobre a época, me marca muito a questão do poder. Já ouvi um ditado que diz assim: "Quer conhecer alguém? Dê-lhe poder por um dia!" Mesmo a mais compreensiva e desprendida das criaturas continuaria assim se estivesse em posição considerada acima dos demais? Ao escolher entre ajudar a todos ou só a si mesmo, com mais vantagens, o que você escolheria?
Todos os princípios de apoio e união se esvairam quando os porcos sentiram um pouquinho do poder e das tentações humanas. Tornaram-se o inimigo tão desprezado pois assim conseguiram assegurar respeito e privilégios, com base no medo. Assim como as mães contam histórias da carochinha para assustar seus filhos e fazê-los obedientes, os porcos pintam o passado mais negro do que já era para que o referencial anterior os faça parecerem sempre a melhor escolha. Apresentam as imperfeições dos homens para garantir sua liderança, mas já apreenderam como se portar com o domínio do poder. Você se torna aquilo que condena.
Outra coisa que me chama a atenção é o jogo de palavras e imagens que há na narrativa. Desde a escolha dos nomes até a mudança das regras do Animalismo, Orwell trabalhou a retórica com maestria, mostrando que a palavra é uma das maiores armas que temos para combater ou subjulgar um povo. Hitler dominava esse armamento, e que aconteceu? A morte de milhões de pessoas. A palavra ganha ou perde batalhas. O Garganta é a representação disso. Os porcos tornaram-se líderes porque conseguiram algo que nenhum outro animal atingiu perfeitamente: o poder da fala e da escrita. Persuasão. Dominação. Exploração.
Enfim, uma obra extremamente rica. Eu precisaria de muitos posts e nem assim conseguiria chegar perto de esgotar todas as suas possibilidades.
Hoje, o que nos falta é isso: o poder da palavra. Só nos tornando críticos conseguiremos ao menos compreender a mensagem do escritor e começar nossa própria revolução. Afinal, será que em nenhum momento de nossas vidas somos rebaixados? Não há "porcos" em nossa volta? A revolução começa com o saber, e o saber só terá sentido quando percebermos o valor da nossa cultura, a importância da nossa expressão e que só a arte é capaz de expressar esse mundo bizarro e louco em que vivemos.
Começar a crescer, ler e ser crítico. Eis a verdadeira revolução.



Uma das músicas do álbum Animals, do Pink Floyd, baseado na obra de Orwell.
Rock n´Roll também é Revolução!

3 comentários:

Anônimo disse...

Quero revolucionar. Empresta esse livro...rs bjs

Unknown disse...

Quero revolucionar. Empresta esse livro...rs bjs

rafaela - 9º A disse...

proooofessora, só agora eu li :( mas como eu ainda nao terminei minha redação, deu pra ter uma ideia e acrescentar no meu texto hihi brigada professora, beijinhos