quinta-feira, 16 de abril de 2015

Tolerância...

Era segunda-feira. Inacreditavelmente, está tudo sob controle e assistíamos à televisão. Momento raro, eu sei. Momento esse que, diga-se de passagem, eu amo. Ultimamente tenho me agarrado às coisas simples para que eu mantenha minha sanidade e para que a vida pareça ter sentido. Começa a passar na tevê um caso recente... Um menino de dez anos foi morto por um policial, em uma favela do Rio de Janeiro. Presto atenção, pois crimes ainda mexem comigo, embora a mídia tente banalizá-los. Não há como banalizar a morte! Enfim... A reportagem falou bastante sobre o garoto, mas o foco eram os Hatters, pessoas que fazem comentários maldosos em redes sociais e acabam gerando polêmicas. O comentário sobre o garoto que havia morrido era realmente inconveniente. Triste, na verdade. Patético. Mas o melhor ainda estava por vir... O repórter foi atrás do rapaz que escreveu esse comentário. Com raiva, indignado, esperando um confronto... Mas sabe o que houve? O "Hatter" pediu desculpas... Disse que se arrependia de ter escrito o que escreveu e que sentia muito por ter sido influenciado. Desculpas não adiantam depois de enviar palavras tão duras, mas a reação dele surpreendeu até mesmo o repórter. Olhar para si. Confessar e compreender seu próprio erro. Tentar evoluir e aprender com as falhas... Falta tanto isso hoje em dia... Falta amor, tolerância... Ele não deveria ter escrito nada, isso é indiscutível, muito menos sobre alguém que ele ao menos conhecia. Mas somente no amor teremos respostas... Perdão. E a percepção que sim, a vida ainda pode ter sentido.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Retrato?

Sempre me incomodou o poema Retrato, de Cecília Meireles. Achava que ele era supervalorizado, muitas pessoas gostavam e faziam dele uma ode de suas vidas. Considerava um exagero! Doze versos simples e uma mensagem meio batida. Até que eu envelheci... E compreendi a grandeza da sua mensagem. Somos hoje fruto de nossas escolhas, mas no meio do caminho deixamos escorrer sonhos por nossos dedos... E não os recuperamos. Utilizamos mais o futuro do pretérito do que o futuro do presente, e como isso assusta! As decisões enfrentam diversos obstáculos, alguns reais, outros imaginários, e tudo perde sua simplicidade. Há dias não me olhava no espelho. Esse objeto, antes apreciado, hoje já é um mero coadjuvante na minha casa e na minha vida. E quando me olho, eu vejo outra pessoa. Por mais que eu queira ser criativa e pensar de maneira diferente dos demais, só consigo ouvir as palavras que ecoam na minha mente:
"- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"