terça-feira, 30 de junho de 2009

Simples de coração

O mote de hoje é essa música do Engenheiros, Simples de Coração.
Parece que a coisa mais simples do mundo é ser, simplesmente, simples.
Ledo engano. Eis o contrário: ser simples é o mais complicado de tudo... Dá trabalho.
Somos seres dramáticos (acho que eu principalmente, hehehehe) Acho que é minha veia artística que tudo exagera, polemiza, torna maior o sentimento do que ele é... Um parênteses: lembrei do dia em que fui parada na rua e convidada para fazer testes de atriz, pode??
Continuando, eu tenho a tendência de exagerar os sentimentos. É como se fosse um vício: prefiro não sentir nada a ter sentimentos mornos. Eu gosto ou detesto, amo ou odeio, me apaixono ou desprezo... tenho mais medo de que sintam por mim algo meia boca do que não sintam nada.
Por isso, talvez, eu perca oportunidades de conhecer pessoas, lugares e até fazer amigos: quero me sentir sempre totalmente extasiada, apaixonada, enfeitiçada. Já disse no penúltimo post, não consigo viver sem as pessoas que me fazem falta... Apenas sobrevivo.
Às vezes eu gostaria de ser simples. Não ter sobressaltos e nem surpresas, apenas deixar ser... Mas aí eu entro no meu carro, e a cada música que eu ouço, meu espírito dramático grita dentro de mim. Só para finalizar esse post meia-boca (que já está me irritando por não ter nada emocionante) e para homenagear minha amiga que vai me deixar também (Fabiiiiiiiiiiiiiii), vou retomar uma brincadeirinha que fazíamos na adolescência: construir música com frases do que toca no meu carro, só para mostrar um pouco do drama... E viva o sentimentalismo!!!

"Volta pra casa... me traz na bagagem: tua viagem sou eu
O problema é que eu te amo, não tenho dúvidas que com você daria certo
Nossos destinos foram traçados na maternidade
Podia ter muitas garotas, mas você é diferente...

E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Estou aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

Já te dei meu corpo, minha alegria
Não sentia fome, não sentia frio
Sentado num canto de um quarto vazio
Não quero esquecer nenhum detalhe seu

Outra noite, outro sonho
Mas sempre você
A cabeça gira e eu me sinto mal
Eu não descanso enquanto não pegar aquela criatura

Mas eu nem sei se sofro assim
O que eu quero é você para mim
Você não me deixa respirar
Você é tudo que não posso ter

Ela apareceu, parecia tão sozinha
O seu sorriso no meu dia-a-dia
A sua palavra em meu vocabulário
Minha professora, eu aprendi tudo errado

Eu sou um poço de sensibilidade
Se você pudesse viver a minha vida
Veria a diferença que você faz para mim
Já anuncia a hora da partida

Às vezes certo, as vezes meio confuso
Mas sempre forte, sempre, sempre mais quente
Te quero tanto, se ao menos você soubesse
Eu sei que o meu amor é imperfeito

Diga-me, como você espera que a dor vá embora?
Era muito para o meu final feliz
Me sinto só, mas quem é que nunca se sentiu assim?
Tenho que tirar da minha cabeça isso
De querer ficar, de querer criar compromisso entre eu e você

Nunca me disseram o que devo fazer
Penso em você, fico com saudades
Os velhos olhos vermelhos voltaram de vez
Eu tentei me manter afastado, mas você me conhece eu faço tudo errado

Ame-me duas vezes por dia
Não me leve a sério, não me leve a mal
Me leve para casa
Qualquer maneira de amor vale a pena

Quando você entrou o ar foi embora
E toda sombra se encheu de dúvida
Eu não sei quem você pensa que é
Mas antes que a noite acabe,
Eu quero fazer coisas ruins com você."

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Quase férias

Uma das palavras que mais me angustia é essa: quase!
Parece que, quando algo chega perto, nunca esteve tão longe. Isso acontece com conquistas, sonhos, passeios e, principalmente, com as férias!
Faltam apenas quatro dias para o nosso descanso anual e o tempo vai se arrastando... Tá, eu vou confessar, depois de dois dias em casa, já sentirei falta do trabalho... Mas por que será que o tempo passa mais devagar quando estamos no "quase"?
Bom, vou dormir para tentar acelerar esse período, amanhã eu escrevo!

domingo, 28 de junho de 2009

É cedo ou tarde demais?

Renato Russo escreveu:
"Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Vou aprender a viver sem você..."
E eu repassei essa música na minha cabeça por diversas vezes nessa última semana. Eu, definitivamente, não sei dizer tchau. Não sei me despedir e não consigo aprender a viver longe das pessoas com as quais me importo.
Claro, assim como todo mundo, já tive perdas e separações. E sobrevivi. Mas sempre que alguém importante para mim vai embora, parece que um pedaço meu vai junto. Um pedaço que eu não consigo recuperar mais.
Isso acontece desde as pequenas separações até as grandes.
Por exemplo, uma grande separação foram meus avós. Isabel, Aldeide e Vô Zeca. Os três foram e nunca mais vão voltar. Não há dia em que não me lembre do arroz com maionese na vó, a comida de domingo (só penso em comida, impressionante!), o meu avô reclamando do tempo que gastávamos tomando banho e suas frases prediletas: "Toma fundo de jumento na cara!" ou "Você gosta mesmo é de desenho!" Eles levaram uma parte de mim, que não volta mais.
Uma das pequenas separações com as quais eu sofro é em relação ao meu sobrinho. Sempre que o levo de volta para casa, espero até ele entrar totalmente pela porta e eu não vê-lo mais. Quando ele desaparece da minha vista, uma saudade doída entra no meu coração, e só é apaziguada quando ele aparece de novo. Todas as vezes.
Até mesmo em compromissos simples, tenho uma dificuldade tremenda em despedidas. Olho para um lado, ando um pouco, volto... Até não ter mais jeito e eu ter que ir embora. Pessoas que eu vi uma vez e senti grande admiração, outras que convivi por um tempo ou até durante grande parte da minha vida: se eu gosto delas, a falta que eu sinto está doendo em mim, nesse momento. Ontem percebi que, se eu me sinto desse jeito, preciso urgentemente me preparar. Em breve, me despedirei de mais ou menos noventa pessoas que eu gosto muito, e desde já isso dói bastante. Alguns que conheci este ano, outros que convivo desde 2007, mas eu vou sentir falta de todos. Muita. Vocês, meus alunos do nono ano, vão levar uma grande parte de mim, e eu ainda não sei como eu, que ensino muita coisa para muita gente, vou aprender a viver sem vocês.
Por isso, hoje eu escrevo esse texto e colocarei, abaixo, o nome de muitas pessoas que me fazem falta. Provavelmente, esquecerei de alguém, mas se lembrar eu acrescento. E a todos que levaram um pedaço de mim, só peço que cuidem bem dele e sejam muito felizes!

Isabel
Aldeide
Zeca
Toninho
Mara
Fabiana
Letícia
Lello
Reinaldo
Ronaldo
Gean
Débora
João "Português"
Vivi
Henrique
Hamilton
Oscar
Quésia
Leandro e Gabriel (meus alunos)
João e Diogo (alunos também)
Mônica e Grazi
Outros alunos cujos nomes não caberiam no blog.
Gustavos
Grazi e Kellen
Priscila
Michael Jackson
Renato Russo
Professoras Jucimara, Elita e Sylvia

Fazem-me tremenda falta...

Sábado gostoso...

Meu sábado foi bom, só posso dizer uma coisa:
Eu comi bolo e tomei coca!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dez coisas que eu amo em você

A vida imita a arte.
E eu, como verdadeira apaixonada por cinema, não pude evitar de associar dois amores nesse dia especial: dez meses que estamos juntos.
A respeito desse tempo, eu poderia escrever muitas coisas.
Faço, portanto, uma lista das dez coisas que eu mais amo em você.
1. Amo a sua voz ao telefone.
Quando você me atende, fala de um jeito tão peculiar, que é só seu, me faz sentir importante, me passa segurança. A sua voz é quente e firme, amorosa sem ser melosa e carinhosa sem ser piegas. Adoro te ouvir.
2. Amo o jeito que você me olha.
Você me olha de um jeito muito difícil de definir. Seu olhar mistura paixão, carinho, admiração e orgulho. Acho que é o reflexo dos meus, quando te olho. Você sabe, eu poderia passar horas só te olhando. Gosto muito da sensação de ter você perto de mim. Deixa eu te olhar mais, vai?
3. Amo os seus princípios.
Em um mundo louco e desgovernado como o que vivemos, é muito difícil achar alguém ético, trabalhador, solidário e tão ligado com a família. Seus princípios fazem de você uma pessoa centrada, maravilhosa e respeitada. Tenho muito orgulho disso e aprendo bastante com você.
4. Amo dormir na sua cama.
Você sabe, né? Seu colchão é muito gostoso, adoro dormir nele. Parece que eu só relaxo totalmente quando estou lá. Tem sonífero!
5. Amo o jeito que você se arruma.
Homens, geralmente, são descuidados. Você é quase metrossexual, mas é uma delícia ter ao meu lado alguém bem perfumado, limpo, cheiroso e bem vestido. Você tem bom gosto e está sempre impecável.
6. Amo ter um namorado que me olha.
Sou privilegiada de ser uma das únicas mulheres que podem se gabar de ter um namorado atencioso, que perceba quando eu corto o cabelo, faço as unhas, compro uma roupa nova e ainda me dá dicas para o visual. Gostar de alguém não é apenas elogiar, mas sim apontar o que precisa ser melhorado, para gerar crescimento. E você faz isso a respeito de tudo, até mesmo do meu visual.
7. Amo o seu despreendimento e fidelidade.
Você é um dos melhores amigos que se pode ter. Pronto para ajudar, disposto a se sacrificar, compreensivo, disponível e sempre admirado. Não é à toa que você tem muitos amigos em volta, você é uma pessoa admirável.
8. Amo a sua inteligência.
Você sabe conversar, discute assuntos atuais, está sempre atualizado e, quando se depara com um assunto sobre o qual não entende, tem a paciência de ouvir e aprender. As nossas conversas são incríveis e aprendo muito com elas.
9. Amo as nossas noites chuvosas.
Ficar com você ao meu lado, sentindo o seu cheiro delicioso, me perdendo no seu beijo, no seu abraço. Esses momentos parecem não ter fim, como se pudessem ser congelados e aproveitados por toda a eternidade. Queria poder te guardar no meu armário e, quando eu chegasse em casa num dia como esse, frio e cansativo, pudesse te tirar de lá de dentro e dormir abraçada com você, até acordarmos sozinhos, sem horários e obrigações. Quer ser meu ursinho?
10. Enfim, amo o jeito que eu sou depois que eu te conheci.
Depois que eu te conheci, sou uma pessoa apaixonada. Meus olhos brilham, meu coração bate quando te vejo, fico nervosa, tropeço nas palavras e me perco no seu cheiro. Além de ser uma pessoa apaixonada, também sou uma mulher melhor, cresci, tenho sentimentos mais maduros e estou muito feliz com você.
Espero que, no post de dez anos, eu consiga ao menos escrever as mil coisas que eu amo em relação a você, mas que na verdade se resumem em uma única palavra: nós!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sem palavras

Se os poetas demoram tanto
para criar um poema
já que a palavra perfeita
é tão dificil de se achar

Por que será que eu
tenho agora a pretensão
de escrever e alguma história
tentar contar?

Escrever é um exercício tão árduo quanto qualquer outro
Exige disciplina, carinho e muita dedicação
leva-se anos para achar a expressão perfeita, o termo correto
e um texto com qualidade literária, achamos um em um milhão.

Clarice escrevia com profundidade
Absorvia com palavras a alma humana
De fatos simples, do cotidiano
gerava romance, amor, drama

Drummond era realmente um crítico
voltado para os problemas humanos e da sociedade
conseguia atingir, com seus escritos,
leitores diversos e de qualquer idade.

João Cabral então, nem se fala
Que maestria, perfeito domínio de linguagem
Poesia embrutecida, trabalhada e calculada
preocupação de transformar o poema em imagem.

São muitos nomes ainda que devo citar
muita coisa ainda para conhecer
o acervo de sabedoria já acumulado pelos nossos antepassados
é algo que vale a pena percorrer

E nesse caminho rumo à beleza da literatura
Às vezes escorrego, desatino, me perco em suas garras
Ou ainda, como hoje, apenas fico em silêncio
já que, diante de tanta beleza, me faltam palavras....

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Revolução???

Durante a caminhada de leitura que comecei antes mesmo de aprender a ler, me deparei com obras muito significativas. A história do meu encontro com alguns escritos literários é um capítulo à parte na narrativa da minha vida.
Alguns livros são importantes pelo que me marcaram, outros pela qualidade ou não da escrita, o interesse pelo autor, ou ainda outros motivos.
"Revolução dos bichos", de George Orwell, com certeza ocupa lugar de destaque no meu ranking. O primeiro exemplar que adquiri custou-me cinco reais. Comprei direto na livraria, era uma edição especial de baixo preço feita pela Editora Globo. Depois desse, já tive mais dois. Agora, só tenho um (recuperado hoje)... A minha atração por esse livro é tanta que eu sempre o recomendo para quem me pergunta. Resultado: eu nunca mais o vejo de volta.
Mas tudo bem! Se aqueles que o leem gostarem pelo menos um pouquinho da narrativa, já fico feliz.
Gerge Orwell conseguiu escrever uma fábula política! Deve ter feito La Fontaine e Esopo se revirarem no túmulo! Uma narrativa que diz tudo sem dizer, diretamente, nada.
Agressiva, sem ser explícita. Marcante, sem ser vulgar. Impressionante.
A obra abalou todas as etruturas. Serviu de base para novas narrativas, filme, músicas, debates, charges...
Mas por que tanto sucesso?
Em primeiro lugar, o autor utilizou o formato da fábula para abordar e criticar a situação vigente da época: a revolução russa e a guerra fria. Quando estudei esses pontos históricos na escola, lembro-me que a ideia de Socialismo me parecia boa. Assim como é o sonho do Major e a sensação de pertencer a um grupo de iguais, em que não há privilegiados e nem explorados.
Esqueceu-se de um dos nossos maiores bens: a liberdade! Escolher o que queremos e poder expressar nossa opinião passou a ser secundário para um regime que gostaria de garantir a igualdade entre todos, mas sendo "uns mais iguais que os outros".
Além da discussão sobre a época, me marca muito a questão do poder. Já ouvi um ditado que diz assim: "Quer conhecer alguém? Dê-lhe poder por um dia!" Mesmo a mais compreensiva e desprendida das criaturas continuaria assim se estivesse em posição considerada acima dos demais? Ao escolher entre ajudar a todos ou só a si mesmo, com mais vantagens, o que você escolheria?
Todos os princípios de apoio e união se esvairam quando os porcos sentiram um pouquinho do poder e das tentações humanas. Tornaram-se o inimigo tão desprezado pois assim conseguiram assegurar respeito e privilégios, com base no medo. Assim como as mães contam histórias da carochinha para assustar seus filhos e fazê-los obedientes, os porcos pintam o passado mais negro do que já era para que o referencial anterior os faça parecerem sempre a melhor escolha. Apresentam as imperfeições dos homens para garantir sua liderança, mas já apreenderam como se portar com o domínio do poder. Você se torna aquilo que condena.
Outra coisa que me chama a atenção é o jogo de palavras e imagens que há na narrativa. Desde a escolha dos nomes até a mudança das regras do Animalismo, Orwell trabalhou a retórica com maestria, mostrando que a palavra é uma das maiores armas que temos para combater ou subjulgar um povo. Hitler dominava esse armamento, e que aconteceu? A morte de milhões de pessoas. A palavra ganha ou perde batalhas. O Garganta é a representação disso. Os porcos tornaram-se líderes porque conseguiram algo que nenhum outro animal atingiu perfeitamente: o poder da fala e da escrita. Persuasão. Dominação. Exploração.
Enfim, uma obra extremamente rica. Eu precisaria de muitos posts e nem assim conseguiria chegar perto de esgotar todas as suas possibilidades.
Hoje, o que nos falta é isso: o poder da palavra. Só nos tornando críticos conseguiremos ao menos compreender a mensagem do escritor e começar nossa própria revolução. Afinal, será que em nenhum momento de nossas vidas somos rebaixados? Não há "porcos" em nossa volta? A revolução começa com o saber, e o saber só terá sentido quando percebermos o valor da nossa cultura, a importância da nossa expressão e que só a arte é capaz de expressar esse mundo bizarro e louco em que vivemos.
Começar a crescer, ler e ser crítico. Eis a verdadeira revolução.



Uma das músicas do álbum Animals, do Pink Floyd, baseado na obra de Orwell.
Rock n´Roll também é Revolução!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Revolução dos homens

Hoje o assunto é Revolução, não poderia ser outro.
Finalização da leitura de George Orwell, maravilhosa. Fiquei contente em perceber que algumas pessoas aproveitaram o ensinamento.
Daqui a pouco, falo mais sobre isso.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pollyana sempre tem razão

Muitas vezes nos perguntamos o porquê de passarmos por determinadas coisas. Ficamos indignados diante de alguns problemas que parecem não ter sentido, conhecemos pessoas que não ficam em nossas vidas e gastamos um tempo inútil com elas, enfrentamos dificuldades financeiras, familiares, amorosas, problemas de saúde e muito mais. Qual o sentido disso tudo?

Há muitos anos atrás, uma psicóloga me disse que às vezes devemos chegar até o final para enxergarmos um começo. E eu, que não costumava gostar de doces, comecei a comê-los para deixar minha vida mais doce (segundo ela). Parecia apenas mais um clichê, frases feitas retiradas de um livro qualquer de autoajuda, mais deprimente do que a vinheta do Fantástico.

O tempo passou e ela tinha razão.

Nós passamos por determinadas coisas para darmos valor ao que temos e aprendermos a conservar. Hoje eu reclamo sim, claro, isso é humano, mas eu simplesmente sou apaixonada pela minha vida. Em todos os seus aspectos. E quero me envolver cada vez mais com ela, ir além.


Hoje, eu escreverei pouco. Isso acontece quando estamos otimistas, preferimos sentir. E quando alguma coisa ruim surgir, lembre-se dessa famosa personagem do título e faça o "Jogo do Contente". Melhor do que comer doce: é eficiente e não engorda!




Observação: A primeira imagem foi copiada do site do Submarino, na venda de livros.

O quadrinho ao lado foi tirado do site http://www.osamorais.com.br/

domingo, 21 de junho de 2009

Três milhões??????

Postei alguns dias atrás um texto em que citei muitas coisas das quais tenho ódio. Esqueci de uma das principais: odeio a desigualdade social em que vivemos e a injustiça desse mundo.
Veja bem! Sou professora. Estudei durante vários anos da minha vida e continuarei estudando para sempre. Procurei me destacar na escola, obtive excelentes notas, meus pais não tinham nenhuma preocupação comigo nesse sentido. Eu ouvia conselhos, como: estude, só assim você será alguém na vida. Sempre acreditei neles.
Eu já lia antes de começar a ler e tinha a convicção de que só a sabedoria me faria evoluir. Sim, eu ainda acredito nisso. Ainda acho que o conhecimento é o que temos de mais importante e que nos faz diferentes e melhores.
Mas hoje li uma notícia que me chocou. Não é a primeira que leio desse tipo, mas o valor em questão saltou-me aos olhos de uma forma que eu não pude deixar para lá.
Desde criança eu assisto programas comandados pelo apresentador Gugu. Considero toda atração domingueira uma bela perda de tempo, tanto que não vejo sentido nem nele, nem em Faustão, Silvio Santos entre outros.
Programas de auditório fazemrealmente sucesso entre boa parte da população, não há dúvida. Não sei e nunca me interessei em saber se os apresentadores participam da organização do programa ou se só aparecem no estúdio no domingo para falar bobagens. Isso não importa. O que me intriga é: por que o Gugu vai para a Record ganhando um salário (mensal!!!!!) de três milhões de reais??? Quais as coisas sérias e relevantes ele ensina para nós? Eu, que estudei a minha vida inteira e não pretendo parar, já trabalhei das sete da manhã às onze da noite, me esforcei para conseguir ter uma formação e nunca desisti, não ganho nem um décimo de todo esse dinheiro. Por quê?
E aqueles que ficam o dia todo em trabalhos manuais, sujeitos a diversos problemas de saúde e com vários filhos para criar? Eles também não veem a parte que lhes cabe desse latifúndio. Qual o sentido disso? Que talento oculto (deve ser bem oculto, porque eu não vejo) tem esse homem para receber tanto dinheiro?
Eu não sei, não sei mesmo. Acho que por mais que eu estude, nunca chegarei perto de ganhar o dinheiro que ele ganha. Eu nem acho que mereceria, ninguém sozinho deve ganhar tanto. Só queria uma distrubuição justa, de acordo com o esforço que nosso povo faz para conseguir sobreviver. Não vou desistir de estudar, mas que dá vontade de pegar todo o dinheiro gasto em educação e investir em ailicone, aulas de pool dance e plásticas, às vezes dá... Ou, quem sabe, eu invente a dança do passarinho azulzinho e fique milionária?

sábado, 20 de junho de 2009

Lagartixa amnésica

Como a nossa mente é estranha. Eu já sabia disso, inclusive li recentemente uma matéria na Superinteressante que tratava sobre isso. A nossa mente é tão estranha que mesmo sabendo de sua estranheza, ainda me estranho com ela. Estive pensando sobre isso hoje porque selecionamos muito bem o que e como queremos nos lembrar das coisas. Lembro, por exemplo, de um dia em que eu deveria ter uns onze anos e escondi revistinhas de colorir embaixo do travesseiro para pintar durante a noite. Lembro de sonhos da infância, de cheiros específicos e dos sorvetes que tomava com o meu pai enquanto assistíamos futebol no campo. Lembro de terem me confundido com um menino na quarta série, porque minha mãe sempre cortava meu cabelo curtinho. Lembro do rosto de orgulho que ela fazia quando eu me saia bem em alguma coisa. Apesar disso, há coisas que não consigo me lembrar de jeito nenhum! Uma delas é cabelo. Vejo alguém hoje, se amanhã essa mesma pessoa corta o cabelo totalmente e me encontra, eu noto (claro) que o cabelo mudou, mas não consigo formar a imagem do seu rosto anterior. Decoro rapidamente o nome das pessoas, mas se elas estão fora do contexto no qual as conheci, já não sei quem são. Dentre todas essas peripécias da minha memória, a mais estranha, com certeza, é a parte que se refere aos meus sonhos. Acho que nem Freud explica. A minha família costuma falar que ninguém sonha com tantos detalhes como eu. Lembro do pirata que aparecia de madrugada, moranguinhos sendo assassinadas no meio do jardim, muitas cenas de terror (acho que é devido aos filmes que assisto) e muitas noites passadas trabalhando, o que me faz acordar cansada. Estou sonhando a mesma coisa durante essa semana. E muitas cenas eu não consigo me lembrar. Forço a memória para encaixar algumas peças. Ainda não consegui. Mas há algo que me incomoda. No meu sonho, meu pai vende bancos de madeira brancos com os pés coloridos. Há bancos brancos com pés verde, rosa, vermelho, laranja. O que isso significa? Existem bancos brancos com pés coloridos? Por que eles aparecem? Um psicólogo poderia até dizer que esses objetos simbolizam o que eu queria da minha vida, que ela ganhasse algum colorido, sei lá. Não é nada disso. Não acho que simbolize alguma coisa, só gostaria de saber por que bancos brancos com pés coloridos. Não poderiam ser cadeiras coloridas? Ou bancos de madeira, simplesmente? Enfim, se eu tivesse tempo e dinheiro, andaria por lojas de móveis até achar essa relíquia. E compraria o "banco dos meus sonhos". Enquanto isso, vou me estranhando com a minha cabeça. Sempre, até que algum alemão me faça perder totalmente a memória. Ou o juízo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sexta-feira não é dia para pensar

Realmente, a sexta-feira é um dia que existe para o quase. Não é final de semana, ainda, mas ningupem quer fazer nada, pois todos já estão no clima da folga. Clima esse intensificado pela época do ano em que estamos: próximos às férias escolares!
Eu não gosto de pensar às sextas-feiras. Gosto de ficar quieta, sem me mexer, se possível sem nem piscar: é sexta! Não é dia de cerveja, é dia de "se veja "!!! Dia de olhar para dentro de si sem reflexão, apenas contemplação... Primeiridade total, abstração. Jogar paciência, tomar sorvete, conversar bobagem, inventar piadas sem graça, jogar conversa fora (sem conteúdo, que fique bem ressaltado). Um pouco mais de tempo, já é sábado, alegria e descontração total. Um pouco menos, é quinta, trabalho e obrigação. A sexta-feira é suspensa, a passagem entre dois períodos. Espera. Eco.
Na sexta-feira, nós não deveríamos nem escrever...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Loucura: a linha torta

Nada mais interessante do que os sentimentos humanos. Falei sobre o medo, o ódio, a saudade. Delicioso mesmo é pensar sobre LOUCURA! Qual será a definição de coisa tão louca? Como julgar alguém dessa maneira?
Hoje, conversando a respeito de literatura e clássicos com meus alunos (ahhh, como eu gosto de falar sobre literatura...) relembrei personagens que às vezes ficam guardadinhos na minha cabeça: Dom Quixote, Hamlet, Crusoé, Alienista... é fantástico como esses personagens, apesar de serem muito antigos, parecem fazer parte da minha própria narrativa. E quando os relembro, os faço renascer e misturarem-se com os personagens da minha própria história. (Um exemplo é o Guilherme. Bem vi que hoje você me olhava, enquanto eu falava sobre esse assunto, com olhos curiosos e interessados. Tá bom, eu sei que você é um excelente aluno, mas é difícil te agradar! Acho que hoje eu consegui! Fiquei feliz!) A impressão é que, a qualquer momento, Hamlet poderia entrar na sala e contar um pouco sobre sua "loucura", ou até mesmo eu poderia receber uma carta bem adjetivada de Dom Quixote, inventando tudo aquilo que uma pessoa "normal" nem consideraria.
Mas o que será a loucura?? Fazer o que não é feito pela maioria, pensar diferente, alguma doença?
Não pude deixar de lembrar de um de meus poemas prediletos: "Poema em linha reta". Fernando Pessoa criou heterônimos, conversava consigo mesmo, buscava um sentido no não entendimento, era homossexual e bebia muito. Ele era louco? Posso dizer isso?
Enfim, pensava a respeito do poema de Pessoa, pois disse que para sabermos se algum personagem é considerado louco, deveríamos refletir sobre o que pensaríamos sobre ele. Eu me insiro muitas vezes no poema, ou seja, estou na linha torta dos vencedores.
Como disse, certa vez, um amigo, em alguns momentos me sinto "loser". As pessoas são sempre tão corretas, tão certas, moralistas. Tudo caminha bem, como eu não consigo? Será que a loucura está dentro de mim??
São perguntas, apenas. Ecos de emoções que esperam um alento, um conforto, reconhecimento. Perceber que não há regras e nem modelos, cada um deve ser o que é, e todo mundo erra sim. E é vil, bem vil às vezes. E pior, covarde para assumir. Sou fraca de vez em quando. Sou vil, mesquinha, egoísta e mimada. Não participo de um conto de fadas, ainda bem. Quero estar em companhia de Dorian Gray, Mário de Sá-Carneiro, Clarice Lispector, GH, Álvaro de Campos, Jenny, Natália, Mia Couto... Assim me sinto menos "gauche" na vida, me aproximo de Carlos e vivo minha própria narrativa (sem a certeza do final feliz... que bom!)


Ahh, eis o poema:
Poema em linha reta
Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O dia seguinte

Eu seguirei escrevendo. Como prometi a mim mesma.
Um dia tenso. Dormi mal. Sonhei que eu estava trabalhando e já acordei cansada... Ai, cada uma...

O pior de tudo é que percebi, dentro de mim, um sentimento inacreditável: ódio.
Não é raiva, não. É ódio mesmo. Muito, grande, tremendo!!!
Eu pareço e sou, realmente, calma e compreensiva. Costumo servir de apoio àqueles que estão tristes e de ponte para os que estão a ponto de explodir. E hoje percebi que posso explodir a qualquer momento. Por qualquer coisa. Fiquei com medo.
Percebi que sinto ódio de falar várias vezes a mesma coisa, sinto ódio de pessoas egoístas, que só se preocupam consigo mesmas, de atitudes impensadas e fúteis. Tenho ódio da desigualdade em que vivemos, da injustiça e do analfabetismo funcional. Tenho ódio de pessoas que fazem crianças sofrerem e das que nem ligam para elas. Não gosto nada de aparelhos que quebram, de não comer com calma, sentir frio, atrasos, perder compromissos, assistir a um filme ruim, perder tempo com conversa furada, perder tempo com pessoas desnecessárias, palpites fora de hora... Como qualquer pessoa normal, não gosto de várias coisas. Mas hoje vi que essas coisas não são apenas banalidades que me irritam, são fatos que me fazem odiar!!! E eu posso estourar!!!
E agora, eu estou com medo. Medo do próximo passo, da próxima conversa, do próximo obstáculo.
Estou com medo de odiar esse texto.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O começo, a promessa

Eu sempre afirmo que sou determinada. Digo que farei algo e, na maioria das vezes, eu realmente faço. Há muito tempo ensaio para esrever, mas esse ensaio não resulta em apresentação final. Dessa vez, vai ser diferente! (eita, clichê!!!) Vou começar a escrever diariamente. Qualquer coisa, mesmo que ninguém leia. Mas eu preciso saber que eu posso fazer isso.Não vou indicar assuntos e nem criar falsas expectativas. Só escreverei. E ponto. Tentar tirar um pouco das palavras que me sufocam de dentro de mim.Bom, vamos começar com diversão!!!Minha aluna acaba de me dizer que eu estava alegre hoje, pois deixei que eles conversassem a respeito de desenhos antigos... Antigos!!! Como se algo que passou há cinco anos fosse velho em comparação ao que eu assistia. Tenho muito medo de envelhecer. Aliás, isso já está acontecendo, basta estarmos vivos.Anyway...Eles falavam a respeito de desenhos antigos e eu me lembrei de como nós sempre idolatramos o antigamente em detrimento de hoje... Ah, eu era feliz... O que passava na televisão era mil vezes melhor do que esses desenhos de guerra e sem conteúdo. Será que a criança de hoje também vai pensar assim no futuro? "Ahhh... Antigamente que era bom... Eu assistia aos desenhos de bonequinhos sendo mortos e cabeças esmagadas na estrada..." Será?Mas sobre o que eu realmente queria escrever é o seriado que mais marcou a minha adolescência (ou infância? Não lembro, faz muito tempo...) que era "Super Vicky". Histórias de robôs, hoje em dia, não impressionam mais. Naquela época (pareço minha vó assim...) acompanhar a trajetória de uma máquina tentando se adaptar em uma família humana e demonstrando sentimentos era o máximo. Eu queria conhecer a Vicky, tirá-la do armário e lhe dizer que eu gostava muito dela, mesmo! Eu queria lhe dizer que você não era menos humana do que eu ou do que qualquer outra pessoa. Pelo contrário! Você era mais humana para mim do que meus colegas de escola. Eu não me lembro deles. Eu me lembro de você, Vicky!E só para garantir a magia dessa lembrança, aí vai o link de um episódio do seriado no Youtube. O envelhecimento é inevitável, mas o esquecimento não... E eu ainda me vejo como aquela garotinha, sentada no sofá, com um pacote de bolachas recheadas num prato, assistindo ao seriado e imaginando como seria bom ser amiga da Vicky. Como seria bom ser amiga. Como seria bom ser. Como seria bom. Como seria. Como?

Super Vicky