quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A mulher e o rato

A garota era apaixonada por ele. Muito apaixonada mesmo.
Ele sempre dizia que gostava muito dela. E gostava muito de outras coisas também... Praia, sol, amigos... e animais. Seu zelo pelos bichinos era comovente. Sentia-se corresponsável quando via um cão abandonado na rua e ficava triste por, algumas vezes, presenciar cenas de maus-tratos e não poder fazer nada para ajudar.
Ela também gostava de muitas coisas, mas era apaixonada por ele. Tentava demostrar a intenção de tornar o relacionamento mais sério. Mudou alguns hábitos, mudou-se para uma casa diferente e trabalhava mais. Indignava-se em passar por ele sem ser notada ou não ter os seus atos algum efeito mais contundente.
Ele a convidou para dar uma volta na praia. Andavam um ao lado do outro, cada um absorto em seus pensamentos. Ela, pensando no próximo ato: dar a mão a ele, continuar assim mesmo, discutir algum assunto banal... Ele, olhando a natureza e atentando a cada detalhe... dos outros, menos dela.
No meio do caminho, havia um rato. Um hamster, para dizer com mais exatidão. O animal estava machucado. Ele resolve ajudar. Ela tem pavor de ratos.
Ele sugere que levem o animal para a casa dela e cuidem dele. Ela aceita, com a intenção de criar um vínculo com ele. Afinal, agora eles terão algo juntos.
Os dias passam, e ele se encontra bastante com ela. Quer saber como está o hamster, cuida dele todo o tempo. O animal fica cada vez mais forte. Ela, cada vez mais solitária. Não quer ter contato com o rato, mas o vê como a ponte para ele. o animal ganha cada vez mais atenção. Ela, menos olhares.
Uma noite, ele chega ansioso. Decidiu: vai pedi-la em casamento. Assim, juntos, podem cuidar melhor do hamster. Toca a campainha, ela não atende. Insiste, telefona, toca o interfone. Nada... Ele acha estranho. Logo ela, sempre disponível para ele... Será que algo aconteceu com o rato???
Ele decide arrombar a porta. Encontra o hamster são e salvo, mais ativo do que nunca. Totalmente curado. Ela, morreu. De lectospirose.

2 comentários:

Ana Luiza disse...

Que medo, que triste, que perturbado~r... não sei exatamente o que senti lendo, mas apertou meu coração...

Narcizo disse...

que coisa D;